A pandemia não só interferiu no modo com que estávamos acostumados a aprender como escancarou desigualdades, mostrando realidades que nem sempre receberam muita atenção. Entretanto, se podemos tirar algo de bom deste momento difícil, é a capacidade de adaptação – tão necessária durante este período – no uso de tecnologias como ferramentas aliadas e facilitadoras do processo de aprendizagem.

O curto alcance da internet

De acordo com a pesquisa mais recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 79,1% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. Isso significa que cerca de 46 milhões de pessoas são desprovidas dessa ferramenta essencial para o ensino remoto.

É claro que isso não se tornou realidade apenas agora, mas a situação ganhou uma atenção especial por conta da pandemia. Com os espaços de ensino fechados, a solução foi se adaptar ao formato remoto – e aqueles que não possuem acesso à internet foram os mais afetados.

As consequências de todos esses fatores somados a longo prazo ainda são imensuráveis, mas a acentuação da desigualdade social é inegável. O déficit na aprendizagem provavelmente será ainda maior do que o já existente entre alunos do sistema público e particular.

Agora é hora de se reinventar

Por mais que tenham sido requisitadas de forma apressada e repentina, a reflexão, a resiliência e a adaptação nunca foram habilidades tão valiosas como agora.

A capacidade de se reinventar, tanto de professores quanto de alunos, tem se mostrado essencial para passar por este período. Para transformar o ensino remoto em algo atrativo e agradável, é preciso criatividade.

Agora é preciso ressignificar a educação e desenvolver novas competências essenciais, como a inteligência emocional, a habilidade tomar decisões e a capacidade resolver problemas complexos. Tais competências têm sido fundamentais não só no ambiente de aprendizagem como na vida como um todo.

Outro fator relacionado à aprendizagem é a ampliação do uso da tecnologia como aliada no processo. Por mais que, como foi visto acima, muitas pessoas Brasil afora ainda não possuam a condição necessária para o ensino à distância, esse estilo de ensino está se consolidando cada vez mais. Não precisarmos mais estar presentes fisicamente em algum lugar para estudarmos é um avanço fascinante.

Um exemplo dessa relação atual entre tecnologia e educação é curso “A Vida do Livro”, oferecido por Daniel Lameira – que trabalha no mercado editorial há 15 anos. Depois de dez edições ministradas em São Paulo e no Rio de Janeiro, o curso, pela primeira vez, ocorreu de forma on-line em 2020. Qualquer pessoa pôde participar e as aulas chegaram às cinco regiões do Brasil. É por conta disso que há quem acredite que o ensino remoto fará parte do nosso “novo normal”.